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Desafios do 5G: Implantação e Modelos de Negócios

Caio Bonilha - Vice-Presidente de Assuntos para 5G do SCBA e Jorge Barros – CEO Brasil do SCBA
Jan 08, 2023

A criação de modelos de negócios que rentabilizem os investimentos que estão sendo feitos pelas operadoras e pelos entrantes na implantação do 5G, é um debate que impacta diretamente a vida dos cidadãos brasileiros e que merece toda a nossa atenção.


Muito mais que a simples evolução do 4G, muito além do que possibilitar 100% de cobertura, uma redução de 90% de energia de rede, um aumento de 100 vezes da taxa de transmissão de dados (100Gbps), uma banda larga 1.000 vezes mais veloz, de diminuir o tempo de resposta digital (latência) de 50 para meros 1 milissegundo, a Tecnologia 5G permitirá uma exponencial ampliação de aparelhos digitais conectados a um sistema de IoT (internet das Coisas), propiciará a adoção de soluções disruptivas e a criação de modelos de negócios absolutamente inovadores. 

 

A utilização das redes de infraestrutura, a implantação de milhares de novas estações rádio bases em todos os já congestionados centros urbanos, o compartilhamento de ativos públicos, a concessão privada de novos serviços ao cidadão e a regulação de receitas acessórias às parcerias existentes, são alguns dos enormes desafios a serem enfrentados por legisladores, fabricantes de equipamentos, integradores de sistemas digitais e operadores de serviços dessa nova tecnologia. Para cumprir os compromissos de cobertura, não só com a rede SA (Stand Alone) mas também com a NSA (Non-Stand Alone), é necessário um aumento significativo no número de antenas, principalmente na faixa de banda 3,5 GHz. A maioria das cidades ainda não adaptou normas para essas necessidades do 5G, o que pode impactar negativamente nos cronogramas de implantação. Projetos caracterizados como de Cidades Inteligentes podem colaborar positivamente para uma implantação mais rápida e de menor risco do 5G, tendo em vista a grande necessidade de conexões óticas.


Outra necessidade apontada é a correlação do 5G com as estruturas implantadas para que seja evitado o Over Building (infraestrutura em duplicidade), lembrando que no atual modelo o FWA (Fixed Wireless Access), que permite que as operadoras de telecomunicações forneçam serviços de internet de banda larga em áreas onde as linhas de internet de fibra ou fixa estão ausentes, não é viável. A Anatel tem se empenhado fortemente para promover a concorrência com a viabilização de novos players no 5G, a coordenação dos entes governamentais com a indústria, além do cumprimento das metas do edital do 5G.


Apresenta-se, como alternativa para a plena a utilização do 5G, a ampliação de redes privativas com conexão à rede pública, através de um setbox regulatório específico, sendo, portanto, fundamental o fomento do diálogo do poder público com indústria e ISPs, objetivando encontrar solução para todas essas questões.

Um outro ponto apontado como barreira, é o fato de as prefeituras criarem taxas, muitas vezes inconstitucionais, com o objetivo de aumentar arrecadação, dificultando a implantação do 5G e representando um sério entrave ao seu crescimento.


Grandes empresas internacionais disputam atualmente o mercado mundial: chineses, americanos, japoneses, coreanos, espanhóis, suecos e finlandeses. O Brasil, por questões técnicas de espectro de banda de frequência, apresenta-se como o segundo maior campo de uso para aplicativos 5G, atrás apenas da China.

 

Se for realizado trabalho sério e bem planejado, sem vieses político-ideológicos e com foco na qualidade de vida dos cidadãos brasileiros, a tecnologia 5G poderá colocar a indústria brasileira na linha de frente da competitividade mundial, abrindo um sem-número de oportunidades ao desenvolvimento econômico, produzindo riquezas e um bem-estar social jamais visto no país.


Elaborado por:

  • Caio Bonilha - Vice-Presidente de Assuntos para 5G do SCBA
  • Jorge Barros – CEO Brasil do SCBA


Participaram deste SCB Committee e colaboraram para esse artigo:

  • Antônio Parrini - COO da EAF
  • Carlos Baigorri - Presidente da Anatel
  • Cleomar Rocha - Diretor da Tecno IT
  • Cristiane Sanches - Presidente do Conselho da Abrint
  • Fábio Velloso - Gerente Executivo de PPPs da Caixa
  • Felipe Herzog - Diretor da American Tower
  • Francisco Soares – Vice-Presidente da Qualcomm Brasil
  • Luís Justiniano Gonçalves - Sócio da Manesco Advogados
  • Marcelo Motta - Diretor da Huawei Brasil
  • Paulo Frosi - Diretor da Connectoway
  • Tiago Faierstein - Gerente de Novos Negócios da ABDI

SCB Content

Por Caio Bonilha - Vice-Presidente de Assuntos 5G do ISCBA 17 dez., 2023
A limpeza do espectro tem sido feita em prazos acima das expectativas e vai distanciando cada vez mais a disponibilidade de espectro e a implantação real nas cidades. Embora siga em ritmo acelerado, a implantação do 5G é desigual, principalmente pelo fator econômico. Pesam também fatores estruturais, como a aplicação da Lei das Antenas em cada cidade e a busca de novas aplicações, como a prestação de serviços em Smart Cities. Os novos entrantes começam a desenvolver seus projetos de forma acelerada e se apresenta para eles alguns desafios: projetos enxutos, arquitetura aberta (Open RAN) ou fechada, escolha de fornecedores, estratégia de implantação para além das obrigações, assimetria regulatória, prevista no novo PGMC. A recente aprovação do acordo Winity-Vivo também terá um impacto significativo, tanto na estratégia das entrantes, quanto das incumbentes. Com tantos temas, convidamos para um debate, em 22 de novembro de 2023, alguns dos maiores especialistas no assunto no Brasil, para construir um panorama sobre os reais desafios do 5G no país. Inicialmente, foi bastante elogiado o Edital 5G e seu caráter não arrecadatório, destacando-se a agilidade da implantação pelas incumbentes. Por outro lado, alguns problemas foram levantados, como a necessidade de antenas e as dificuldades das leis municipais, bem como os preços dos Celulares 5G que ainda são elevados. Questionou-se a viabilidade dos novos entrantes, contra incumbentes já estruturadas e atendendo velozmente o mercado, apontando-se, ainda, que a solução para o desenvolvimento das aplicações no 5G é a “desverticalização”. Outros dois importantes aspectos foram destacados: o papel dos novos entrantes na competição nacional e a mudança na regulamentação para a garantia de acesso ao espectro, em caráter secundário. Foi enfatizado a importância da manutenção das assimetrias também no ambiente móvel (SMP). Assimetria como um conceito a ser adequado ao 5G, por exemplo, no uso e compartilhamento de espectro, mercado secundário, de modo a conferir segurança jurídica aos entrantes e demais ISPs, assim, foi sugerida a criação de um banco de dados acessível a todos com as disponibilidades de espectro. Um dos questionamentos foi se a indústria sabe o que realmente quer com o 5G e até que ponto os integradores devem/podem ser os indutores de inovação. Porém, a escassez de mão-de-obra é um problema para o desenvolvimento da inovação. Foi apontado, ainda, que as tecnologias inovadoras são fatores de aceleração e desenvolvimento das redes 5G, tais como as redes abertas, que propiciam vantagens competitivas, sendo necessária a criação de políticas públicas que incentivem a utilização de novas tecnologias, auxiliando as forças de mercado no desenvolvimento do 5G. Um exemplo apontado foi a luminária da JUGANU (com fentom cell 5G), como uma inovação e a importância da coordenação dos atores (Indústria - ABDI) para acelerar as inovações. Outro ponto destacado é que os grandes beneficiários das redes 5G são a Indústria Nacional, o Agro e a Saúde, sobretudo em função da latência. Por isso, as empresas têm de desenvolver a capacidade de ouvir o que a Indústria precisa e desenvolver novos modelos de negócio. Como exemplo foi citado o Polo de Indústrias de Manaus, que tem capacidade média de conectividade em torno de 50Mbps, para entender que o problema não é tecnologia, mas a conectividade. Porém, o Edital 5G não requereu performance, e sim, cobertura. Foi destacado o resultado de uma pesquisa que mostra que 60% das empresas entendem a importância do 5G, mas somente 2% estão analisando a possibilidade de utilização/implantação de soluções em 5G e 30% aguardam por modelos de negócio que possam se adequar às suas necessidades. O Presidente da Brisanet, Roberto Nogueira, deu um importante depoimento sobre o dia seguinte ao Edital do 5G e as dificuldades inerentes à escolha do fabricante, da tecnologia do core de rede e os terminais. Ele informou ter optado por uma tecnologia vertical, por segurança e por lançar o 4G e 5G ao mesmo tempo, na mesma ERB. Em sua análise, o 700 MHz não é essencial pelo adensamento da rede e por ter o 2,3 GHz. Para ele, o grande problema são os compromissos de cobertura em cidades com menos de 30 mil habitantes onde os prefeitos não têm consciência da importância das infraestruturas. Disse, ainda, que a Brisanet já tem cobertura para 4 milhões de acessos potenciais e vai acabar 2023 com torres em 30 cidades, mas seu objetivo é monetizar com o SMP, num primeiro momento, para somente depois pensar em novos modelos de negócio. As empresas têm de estimular/contratar/fazer parcerias com “Desenvolvedores de Aplicações”, a fim de encontrarem soluções disruptivas para agregar valor aos seus negócios. Apps, como Uber, iFood, entre outras, foram criadas por startups, algo difícil de acontecer em uma empresa de telecom, embora elas tenham demonstrado esforços para mudar a situação. Poucos municípios têm boa gestão e por isso a maioria não consegue compreender os benefícios da conectividade. É necessário um veículo para educar os prefeitos sobre a importância deles facilitarem a conectividade com o 5G, já que ela pode trazer grandes benefícios à população, ampliando o acesso a vários serviços. Foi destacado o papel do FUST, que está finalmente oferecendo financiamento aos ISPs, via BNDES e que podem, ainda, ser utilizado para expansão do 5G, desde que não seja para financiar as obrigações contratuais. Acredita que os remédios VIVO e Oi sejam suficientes para incentivar a competição, lembrando que as decisões têm um gatilho de eventuais novas medidas em 60 dias, caso as estabelecidas não surtam os efeitos esperados. Os três grandes eixos do 5G (velocidade, baixa latência e aplicação massiva), mais cedo ou mais tarde, terão grande relevância e aplicação nas indústrias, com aplicações de automação industrial, redes privativas, etc. O sucesso do Edital e da implantação parcial é uma realidade, mas é preciso garantir o sucesso nos resultados, quando da implementação em todo o país. O Edital 5G não tem similaridade no mundo pela quantidade de espectro e o sucesso dos novos entrantes depende da eficácia dos remédios VIVO e Oi, implementados pela Anatel e que eles são importantes para o equilíbrio na competição entre incumbentes e entrantes. O novo PGMC deve também trazer assimetrias semelhantes às implementadas na banda larga fixa que fez com que o mercado de ISPs crescesse exponencialmente, sendo o Brasil um caso único no mundo. Como conclusão, as intervenções dos debatedores mostraram que é necessário: (i) incentivos aos entrantes, sob forma de assimetria regulatória, remédios e financiamento; (ii) incentivos ao desenvolvimento de tecnologias e integradores; (iii) mudança de postura dos administradores municipais para facilitar a implantação de infraestrutura e (iv) entendimento pela indústria, agro, cidades, entre outros segmentos, do potencial do 5G para incrementar seus negócios. Artigo escrito por: • Caio Bonilha - Vice-Presidente de Assuntos para 5G do ISCBA Participantes da Mesa de Debates: • Anibal Diniz - Consultor da NEO • Arthur Coimbra - Conselheiro da Anatel • Cristiane Sanches - Conselheira da Abrint • Juarêz Quadros - Head do JMQN Advisors • Daniel Brandão - Coord. Ger. Pol. Serv. Telec. do Ministério das Comunicações • Milene Pereira - Gerente Sênior de Governo da Qualcomm Brasil • Roberto Nogueira - Presidente da Brisanet • Tiago Fairstein - Gerente de Novos Negócios da ABDI
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